No começo, a ideia de amor me parecia tão
banal que eu descartei ela assim que tive capacidade de raciocinar um pouco e
não só ficar sorrindo feito uma tonta. Na verdade, ele também não pensava que
era amor. Levou um tempo para que a gente chegasse a uma conclusão dessas.
Sabe... O amor me apareceu como um amigo.
No começo eu só queria estar junto, eu me preocupava com ele, queria saber se
ele estava bem, eu o ajudava quando ele precisava de um ombro amigo, e estava
sempre ao seu lado, nos momentos felizes e nos tristes também. Ele não era só
amigo, era irmão. Mas depois ele foi se tornando meu vício. Eu queria ficar do
lado dele 25 horas por dia. Queria conversar com ele 50 dias em um mês. A todo
o momento eu me preocupava com o que ele estava sentindo, e a todo instante eu
sentia vontade de perguntar se ele estava realmente bem. Eu ia dormir pensando
nele e acordava pensando nele. Eu não precisava nem fazer força para o nome
dele surgir na minha cabeça em Georgia, tamanho 72, em negrito, sublinhado e
com todas as letras em maiúsculo. O nome dele só não estava tachado, porque ai iria
parecer uma lista de ex-amores que a gente decide esquecer e que a gente risca
para ter certeza de que aquele cara seria melhor nem ter conhecido.
Ele já havia sido um ex-amor, tanto que
depois de toda essa confusão sentimental sobre amizade ou amor, eu encontrei na
parede do meu quarto “Meu nome e Fulano”. Mas ele sempre me foi um amor bom;
então acho que nunca precisarei encaixar o nome dele na minha lista negra de
“caras que deveriam ser exterminados da face de Terra porque fizeram com que eu
chorasse dia e noite feito uma boba apaixonada que no outro dia acordou com a
cara inchada e teve que ir pra escola parecendo um panda”.
Quando o nome dele passou a comandar meus
pensamento e ações, ele passou de amigo irmão, pra paixão. Mas ele nunca vai
ficar sabendo disso porque eu tenho problemas com relação a expressar esse tipo
de coisa para as pessoas uma vez que depois disso eu vou querer sair correndo,
vou tropeçar, ralar o joelho, quebrar um dente ou qualquer coisa do tipo e
depois nunca mais vou conseguir olhar na cara do menino de novo. Na verdade não
vou conseguir mais olhar na cara de ninguém. Vou desejar mudar de escola, de
cidade, de estado, de país, de planeta também se for possível. Mas se ele for
esperto, eu não vou precisar nem falar isso pra ele porque ele vai perceber
sozinho, então, por favor, decodifique minhas palavras, leia as entrelinhas e
entenda que tudo isso é sobre você. Eu ficaria muito agradecida e meus joelhos
e dentes também.
E mais uma coisa, se não tiver conseguido
me entender perfeitamente que fique claro que essa ideia de mudar de cidade,
estado ou qualquer coisa do tipo, só é válida se você estiver vindo junto
comigo, caso não seja assim, por você eu fico no mesmo lugar e até passo um
pouco de vergonha se for preciso... Geralmente não costumo fazer esse tipo de
coisa, sabe, me render, me explicitar, mas por você eu abro uma exceção...
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