25 de mai. de 2012

(Era) Um amor de terça feira.


Eu ainda lembro a primeira vez que eu te vi, eu ainda lembro o seu olhar através das luzes fracas do parque. Eu nunca imaginei que um completo desconhecido poderia um dia mudar completamente o meu modo de pensar, o meu jeito de agir, mas então você apareceu. Eu garanto que você não lembra Peter, você não se lembra da minha presença aquele dia no parque, mas eu simplesmente não consigo esquecer você passando perto de mim e eu sussurrando ao ouvido de uma amiga “Ei, aquele é o Peter?” e não me esqueço de que ela confirmou e não dia seguinte, depois que um comentário que eu fiz ela disse que não tinha te visto.

Nunca fez diferença ela te ver ou não, você me ver ou não, porque eu te vi e mesmo que possa parecer bobagem, aquilo foi o começo de tudo, porque depois daquilo logo fui correndo te procurar em toda rede social por aqui, fui logo querendo puxar assunto, mas nossas conversas naquela época nunca passaram de dez minutos. Conversas patéticas, mas eu nunca disse que eu não gostava... Na verdade, eu adorava.

Adorava ter a sua atenção por meros dez minutos. Mas eu adorei mais foi o dia em que eu sai por aí e encontrei você e você me encontrou e nós nos encontramos pela primeira vez. E foi diferente de tudo o que eu já havia experimentado um dia. Havia um toque de carinho, mas também havia a vontade de tomar conhecimento sobre quantos centímetros você era maior que eu... E havia também aquela brincadeira esquisita onde você me chamava de “baixinha” e eu respondia com um “ah, gigante”. Nunca foi das melhores brincadeiras, mas para mim sempre fez sentido. Sentido aquele em que eu sempre fui menor que você e por isso minha cabeça encaixa direitinho entre seus ombros e seu queixo, sentido em que eu não queria ir embora quando alguém me ligasse dizendo que já estava na hora de partir, sentido aquele em que depois nossas conversas de dez minutos passaram a durar vinte e cinco horas por dia, e sentido aquele em que nós próximos dias que nos encontrássemos seríamos novamente um do outro, mesmo que por menos de uma hora...
Poderia fazer mais sentido se eu conseguisse descrever seu beijo nas noites quentes, ou se eu pudesse descrever como eu me sentia segura ao seu lado. Mas eu não posso e também não espero que faça sentido porque, como diz em uma música, “amor é pra sentir, não pra entender”, e eu sentia, mesmo sem saber o que era, como era, de onde vinha ou quais os sintomas, eu sentia, apenas sentia, apenas sabia. “Se você quiser, o meu mundo é seu”. E depois de receber uma mensagem assim eu também sabia que eu queria que seu mundo fosse meu. Mas eu nunca te deixei saber disso...
Nunca te deixei saber por que talvez as coisas tenham acontecido rápido demais. Um dia nós éramos meros conhecidos que acabaram se enroscando em um canto por aí, e no outro eu já havia me apaixonado. Talvez não tenha acontecido rápido demais, talvez o problema tenha sido eu. Sim, eu deixei me apaixonar rápido demais. Em um piscar de olhos eu já era sua, eu só não me entregava... Não me entregava porque para mim não parecia certo ou porque eu simplesmente não conseguia entender como eu, Helena, poderia estar apaixonada por um cara que eu mal conhecia... E mesmo hoje, depois de muito tempo, eu ainda mal te conheço, porque você é uma extremamente singular que eu sinto medo de descobrir cada detalhe seu, cada mania, manha, defeito ou qualidade e perceber que você é exatamente como qualquer outro por aí, mesmo sabendo que você não é, eu tenho medo até de cogitar a hipótese de que você pode ser e fazer você perder seu brilho especial.  E mesmo que você no fundo até seja como os outros garotos por aí, você para mim vai ser sempre o único.
E por acreditar que você é único, eu não quis me envolver tanto, porque você não pode quebrar algo que você não toca. Mas mesmo com um simples toque eu consegui te quebrar, te estilhaçar em milhões de pedacinhos... Você sabe, eu sempre faço tudo errado. Eu gostaria de poder ter te consertado, mas mesmo que eu colasse todos os pedacinhos de você, eu sempre poderia enxergar as rachaduras...
- Nós precisamos conversar – você diz e eu já sei que não pode ser algo bom.  – Não está dando certo. A gente só conversa por alguma rede social, e nós só nos encontramos quando nós concidentemente vamos ao mesmo lugar.
- Você tem razão – Eu admito, sem querer realmente admitir. Não era certo, mas quem disse que eu ligava para o que era certo ou errado? Eu sabia muito bem o quanto machucava, mas eu não poderia fazer as coisas diferentes naquela época, eu não estava pronta, talvez eu ainda não esteja, talvez eu nunca vá estar. Eu não me importava em cair, me machucar... – Nós precisamos parar com isso, seja lá o que isso for. - , mas eu me importava se era você quem estava se machucando mais, se era você quem acaba carregando todo o peso do mundo nas suas costas...
Mas de que adiantavam essas nossas conversas? No dia seguinte eu já recebia algo como “Vai lá e mostre que você é mais inteligente que Einstein” quando eu estava indo para a escola, e logo depois, segundos depois... “Eu sinto sua falta” e era como se nossas conversas, nossas decisões de “término” nunca houvessem acontecido. Você me ligava quando eu estava na escola e eu gritava para todo mundo no banheiro para que calassem suas bocas, mas ai o sinal do fim do recreio tocava e eu ficava desapontada por ter que desligar. E quando eu sumi você foi atrás de mim e eu jurei de pés juntos que estava bem, mesmo sabendo que as coisas só iam de mal a pior...
Então aconteceria nosso próximo encontro, mas nós dois já estávamos com a pulga atrás da orelha. Talvez aquele fosse nosso último encontro. E depois de um mal entendido idiota nós realmente acreditamos que era o último. Nossa ilusão não durou mais de alguns minutos. E tenho que agradecer a você por ter recobrado a consciência, caso contrário nós dois teríamos feito muitas besteiras e talvez nem nos falássemos mais hoje. Você me puxou, me roubou um beijo e de repente tudo ficou bem. Ficou tudo bem até o momento em que tivemos que ir embora e nossas cabeças começaram a se questionar “o que eu estou fazendo?”. Nós nunca entendemos o que era aquilo que acontecia conosco. Sabíamos que não daria certo e tomávamos a decisão de dar um ponto final na situação, mas de um momento para o outro nossas penas tremiam, nossas mãos suavam, e quando tentávamos falar acabávamos gaguejando, e então nós cedíamos um ao outro.
Nós nunca havíamos nos permitido seguir em frente. Até que depois de assistir um filme nós simplesmente criamos coragem de esclarecer nossa situação, e mesmo que tenha doido, foi a melhor atitude que nós tivemos...
Eu entrei no gol vermelho e disse “acabou”, mas a garota ao meu lado estava tão devastada quanto eu que não acabamos com o silêncio dentro do carro... “Acabou” eu repeti para mim mesma, mas eu não chorei quando fui dormir, porque eu já sabia que um dia iria acontecer.
Mas sabe, o que mais me machucou não foi a nossa decisão, mas sim quando você me disse “Eu nunca menti pra você, eu nunca disse ‘eu te amo’ olhando nos seus olhos”. Aquilo me fez pensar coisas do tipo “Como eu pude ser tão idiota de pensar que um dia esse menino possa ter sentido alguma coisa por mim?” ou “Como eu não percebi que ele só estava me usando?” ou também “Ele é exatamente igual a todos os outros, um idiota, canalha, eu era só mais uma pra ele”. E depois eu percebi que não me importava. Eu não me importava se era verdade ou não que você teria me usado e depois me jogado fora, porque querendo ou não, eu tinha que admitir: você me fez feliz.
E então, houve um dia em que nos encontramos, ficamos abraçados conversando e aquilo fez toda a diferença pra mim. Eu percebi que você nunca de fato me amou, mas isso não significava que você não havia sentido alguma coisa por mim, mesmo que fosse só carinho. Ainda restava uma esperança... Até que você começou a namorar. Admito, pensei que iria demorar mais tempo para que você encontrasse outra pessoa. Ou você já havia encontrado, mas não sabia como dizer... Eu sinto essa dúvida, mas isso não me chateia, eu não tenho o direito de ficar brava porque eu não fiz nada para que você ficasse, eu simplesmente te deixei ir embora.
Eu te deixei ir embora do meu coração Peter, mas você sempre arranjava um jeito de voltar. Se as portas estavam fechadas, você pulava a janela. Pra você não haviam dificuldades capazes de fazer você desistir de sempre ter seu lugarzinho no meu coração. Eu sempre soube disso e você não. Você me fazia te amar até sem perceber e eu adorava isso.
Eu adorava você ainda poder ser o meu garoto preferido mesmo quando você já não era mais meu. Adorava sua risada ser meu som predileto, sua voz ser a única que me acalmava e adorava ser inteiramente sua ainda que você já não me quisesse mais. Eu ainda adoro.
Hoje eu percebo que mesmo que exista outra pessoa em sua vida, nós sempre teremos algo forte e não se sinta culpado por isso, nunca, jamais se sinta culpado por isso, porque isso não significa que você está com a pessoa errada, ou qualquer outra coisa que você possa pensar. Acontece que nós sempre vamos ter um carinho muito grande um pelo outro. Nós sempre vamos embora, mas iremos retornar no segundo seguinte. E não precisa fazer sentido, porque como você disse “Nós temos algo forte. Não sei. Eu sinto”, eu também sinto e gostaria de agradecer você profundamente por isso. Agora você se pergunta “isso o que?”. Isso tudo. Cada desentendimento, conversa, riso, brincadeira. Por tudo, mas principalmente por nunca ter ido embora.
Além de te agradecer por tudo, mas principalmente por nunca ter ido embora, eu sinto que eu te devo algumas desculpas.  Algumas não, muitas. Desculpa pelas noites mal dormidas, pelas noites em que dormiu chorando e pelas noites que não dormiu. Desculpa pelas vezes que te ignorei, te esnobei, que te tratei mal, que fui sem educação, ignorante e irritante. Desculpa por te fazer muitas perguntas e por nunca responder as suas de maneira satisfatória. Desculpa por sempre me enrolar quando eu tento explicar alguma coisa, por te contar o que vai acontecer no final do filme, no meio do filme também, e quem sabe até o que acontece depois... Desculpa por falar demais quando eu deveria ficar em silêncio ou por ficar em silêncio quando eu deveria estar falando alguma coisa. Desculpa por nunca olhar nos seus olhos. Desculpa por nunca te falar pessoalmente tudo o que eu sentia e por ainda não ter coragem de fazer isso. Desculpa por te fazer ficar confuso. Desculpa por eu ser tão instável e ciumenta. Desculpa por já ter procurado seus olhos em outros olhos, seu beijo em outros beijos, seu abraço em outros abraços, porque, mesmo sabendo que não encontraria eu continuei procurando... Desculpa por tentar achar em outros corpos... Peço desculpas por não ter sido boa o suficiente pra você.
Mas eu não me arrependo de ter errado tanto, porque todos os meus erros vieram acompanhados de consequências, e essas consequências me tornaram cada dia mais forte. Hoje eu já não choro mais, hoje eu já não sinto mais vontade de te mandar para o inferno, não sinto mais vontade de sumir do mapa e te deixar sem nenhuma notícia minha. Hoje, as nossas músicas não me machucam mais. Na verdade, elas até me fazem bem, porque sempre me fazem lembrar dos momentos bons que eu passei ao seu lado. Não minto que às vezes me encontro cabisbaixa e um pouco triste, mas eu não considero isso sofrer. Acho que todos têm seus dias de “hoje eu quero ficar sozinho porque não estou bem”, e eu não sou diferente de ninguém, mas o que antes era ruim, hoje me faz tão bem...
Ainda assim, sempre vou ter uma pergunta sem resposta: “Algum dia eu irei te superar?”.  Porque, eu segui em frente, continuei com a minha vida, e você fez o mesmo. Mas não é como se eu não lembrasse de você quando eu vou no cinema, quando eu vou no centro, quando eu vou no parque, quando eu recebo alguma mensagem, quando eu escuto minha playlist, quando eu assisto algum filme infantil ou algum filme sobre amores impossíveis. Não é como se seu nome não me causasse um efeito surpreendente de calmaria e nervosismo... Não acho que a superação possa algum dia acontecer, mas não te pedir para voltar pra mim, talvez eu não queira mais... Mas te esquecer? Isso eu não faço nunca. Nem que me tirem a memória, eu juro, não te esqueço. Pode fazer o mesmo por mim?

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