27 de mai. de 2012

Sobre mim...

O engraçado desse mundo é que quando mais as pessoas juram saber tudo sobre você é que elas menos te conhecem. Você pode saber meu nome, minha idade e a cor dos meus olhos, mas você não sabe a minha história. Há seis anos eu era uma pessoa completamente diferente do que eu sou hoje. Eu tinha tudo na minha vida e eu não dava nenhum valor pra isso. Eu cometi os mesmos erros por muito tempo na minha vida, e eu me arrependo profundamente disso.
No dia 10 de março de 2006 eu fui visitar meu avô materno no hospital, ele estava na U.T.I. e com problemas no coração. Naquela mesma noite ele morreu. Eu por alguma razão fiquei com um sentimento de culpa tão grande que aquilo me machucava profundamente. Era a única vez que eu tinha ido visitar ele, o que na verdade não poderia acontecer, porque eu não tinha idade suficiente para poder entrar na U.T.I. e na mesma noite ele viria a falecer. Muitos agradeceriam por terem dito um último momento com ele, mas não eu. Não sou assim. Acho que são esses últimos momentos que nos machucam mais. Último momento, é engraçado. Para mim isso não existe. É como se você soubesse que a pessoa vai morrer e estivesse tudo bem com isso. Não tá tudo bem! Nunca vai estar...
Três meses depois, no dia 02 de junho, minha avó paterna faleceu. Preciso dizer que eu fiquei arrasada? Eu estava na escola, esperando tocar o sinal para entrar quando chega meu tio, pega a minha bolsa e diz pra minha colega "Ela vai embora. Avisa a professora que a avó dela faleceu". Aí eu não sabia o que fazer, se eu chorava ou se eu acompanhava meu tio até o carro. Em um tempo de três meses eu perdi duas das pessoas mais importantes da minha vida. E eu não conseguia aceitar isso de jeito nenhum, mas a gente vai empurrando com a barriga. 
2007 chegou e passou e nada assim aconteceu, então veio 2008 e aconteceu uma tragédia. Um tio meu desapareceu. Fiquei sabendo disso três dias depois que aconteceu. Passaram-se mais alguns dias e nada. Então um dia encontraram o carro dele na estrada. Vidros quebrados, todo sujo de sangue, sem nenhum pertence... Começaram a procurar por ele... Nada. No dia seguinte continuaram as buscas e o encontraram não muito longe de onde estava o carro. Ele ainda estava vivo... Então o policial segurou a cabeça dele e ele morreu. E isso é tudo o que eu sei. Na verdade, isso é o que todo mundo sabe. Ele tinha seus problemas? Sim. Mas por quê? Como? Quem? Ou o quê? Ninguém sabe. Ninguém vai saber. E isso é o que mais me machuca, não saber como aconteceu. 
Isso me dilacerou de uma tal maneira que eu comecei a querer me matar. Eu chorava todo dia, toda noite. Eu me cortava, eu me arranhava inteira, eu me batia, eu tentei me enforcar... Eu não via mais motivo pra continuar vivendo. Ele era como um pai pra mim. Era meu anjo protetor, minha estrela guia, e ele havia falecido. Eu não aceitava isso de jeito nenhum. A única coisa que me manteve viva foi a consciência de que se eu me fosse também meus pais e família, e amigos também, iriam ficar arrasados e eu não queria deixar as coisas piores do que estavam... 
Chegou 2009. Precisamente 05 de setembro de 2009. Meu avô paterno faleceu. Eu estava na loja da minha tia, meu pai foi me buscar, ele ficou quieto no caminho para casa, quando eu cheguei, minha mãe me contou o que havia acontecido, eu fiquei paralisada, eu não conseguia acreditar. Em quatro anos, eu perdi quatro pessoas mais do que importantes pra mim. Eu não sabia conviver com isso. 
Até ano passado (2011), eu tinha minhas recaídas, minhas vontades de me jogar na frente de um carro, me atirar de uma ponte... Até que a minha prima começou a ficar preocupada comigo, porque toda vez que eu ia no crisma, eu desabava em choro e ela sabia de todas aquelas minhas ideias. Ele ligou em casa, conversou com os meus pais. E eles vieram conversar comigo. Meu pai me disse algo parecido como "Eu já perdi quase todo mundo na minha vida, como você acha que eu ficaria sem você?". Eu pensei "É tão egoísta o que eu to fazendo, eu quero tanto que essa dor acabe porque eu não aguento mais ser machucada que eu acabo machucando as outras pessoas". Naquela noite eu chorei. Chorei no colo do meu pai, chorei no colo da minha mãe, chorei abraçada com a foto do meu tio. Eu chorei tudo o que eu tava guardando dentro de mim por cinco anos e prometi pra mim mesma que a partir daquele dia eu seria diferente. Eu não queria mais machucar ninguém com as minhas ideias, com as minhas atitudes, com as minhas vontades, com a minha raiva.
Passei a dar valor pras pessoas que eu tenho comigo, passei a me importar mais, a demonstrar mais para não me arrepender depois. Eu continuo completamente machucada por dentro, e faço de tudo pra não machucar ninguém porque eu sei o quanto dói. Mas nem sempre  a gente consegue... Eu só queria que todo mundo fizesse o mesmo, porque, por mais que a gente se arrependa depois, infelizmente não dá pra voltar atrás... 





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